O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), lançou nesta quinta-feira (8) sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto e recebeu sinalização de apoio de partidos aliados a Michel Temer. Sem citar o presidente, com quem duela pelo suporte de siglas que formarão a base de seus projetos eleitorais, Maia falou em diálogo e disse que firmará um pacto para romper com o que chama de velha política.
A oficialização da pré-candidatura do deputado, porém, é vista com ceticismo pelo governo e por interlocutores do próprio presidente da Câmara. A avaliação é de que o movimento tem apenas a pretensão de cacifar o DEM para, mais adiante, conseguir a vaga de vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB).
Maia rechaça essa tese e diz que está construindo um plano distante da polarização entre PT e PSDB, que protagonizou as últimas eleições. Para o deputado, que tem apenas 1% das intenções de voto, segundo o Datafolha, se aliar aos tucanos agora seria negligência política.
Para tentar afastar a sensação de que sua candidatura é uma bravata, a estratégia do presidente da Câmara foi fazer um discurso para mostrar a necessidade de mudança e renovação na política, mas também acenar a siglas que hoje estão na base do governo de Temer. “Aceito o desafio de ser candidato à Presidência da República”, disse Maia. “Vamos construir alianças para eu ser também o candidato de muitos partidos que me honram aqui com suas presenças”, completou.
Dirigentes de PP, PR, PRB e Solidariedade ladeavam o deputado no palco e deram declarações de apoio a ele.
O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), disse que Maia precisava unir esses partidos. Logo depois, foi a vez do líder do PR na Câmara, José Rocha (BA), afirmar que sua sigla via com muita simpatia a disposição de Maia de disputar o Planalto.
Já o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), disse que estará ao lado do deputado enquanto ele percorrer o país.
Reação
Os principais articuladores do governo, porém, observaram as movimentações dos aliados com cautela, mas afirmam que a ordem de Temer é usar a reforma ministerial, prevista para março, e a liberação de emendas parlamentares para reorganizar as forças políticas que o apoiam.
O PP, por exemplo, hoje detém o Ministério da Saúde -de orçamento robusto e cobiçado em ano eleitora- e negocia a manutenção do comando da pasta. Ministros que vão concorrer às eleições, como o titular da Saúde, Ricardo Barros, devem deixar os cargos até 7 de abril.
Temer tem dito que só vai negociar as novas indicações com siglas que se comprometerem com seu projeto eleitoral, seja ele o de reeleição ou apoio a um candidato governista, como o ministro Henrique Meirelles (Fazenda).
Foi justamente a discussão de uma eventual candidatura de Temer e a pressão do Planalto sobre ele e seus aliados que fizeram com que Maia resolvesse ir até o limite com sua pré-candidatura. Ele afirma que não será o candidato do governo e que se manterá na disputa pelo menos até julho. Se não se viabilizar até lá, diz, concorrerá mais uma vez à Câmara.
Apesar disso, houve no Planalto manifestação isolada do ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) que disse que Temer pode apoiar a candidatura do deputado. “Vemos a pré-candidatura de Maia com o mesmo respeito que vemos a de Meirelles”, declarou o ministro.
Saia justa
Mesmo com críticas públicas que Maia tem feito ao PSDB, alguns tucanos foram à convenção do DEM -e até discursaram-, assim como o presidente do MDB, senador Romero Jucá (RR). A presença do líder do governo no Congresso teve aval de Temer e foi uma forma de mostrar que o Planalto vê com normalidade a pré-candidatura do deputado.
O presidente mantém o discurso de que é preciso monitorar Maia e ver até onde ele vai com seu projeto eleitoral. Jucá falou por menos de três minutos e defendeu a união para a transição.
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