O estudo também revelou que a presença neandertal no cromossomo X, que contém 5% do DNA, é praticamente nula
Há apenas quatro anos, quando o sequenciamento genético total de um indivíduo neandertal foi publicado pela equipe do biólogo evolutivo Svante Pääbo, nem sequer se sabia que esses seres extintos tinham cruzado com os humanos modernos. No princípio, boa parte da comunidade científica torceu o nariz para a informação que, hoje, é praticamente incontestável. Agora, dois estudos independentes publicados nas revistas Nature e Science revelam que a herança deixada pelo Homo neanderthalense é maior do que a imaginada.
Populações europeias e asiáticas têm até 20% de DNA dessa espécie, de acordo com um artigo da Universidade de Washington em Seattle. A outra pesquisa, da Faculdade de Medicina de Harvard, lista os principais legados genéticos dos neandertais: genes que influenciam a cor da pele e do cabelo, além de variantes ligadas a problemas como diabetes 2, doença de Crohn, lúpus e cirrose biliar. O estudo também revelou que a presença neandertal no cromossomo X, que contém 5% do DNA, é praticamente nula.
Benjamin Vernot e Joshua M. Akey, pesquisadores do Departamento de Ciência Genômica da Universidade de Washington, sequenciaram o genoma de mais de 600 humanos modernos não africanos — o neandertal se originou de uma espécie que já havia saído da África, por isso não há resquício desses indivíduos no DNA de africanos. Depois, os cientistas compararam os dados às informações genéticas dos neandertais. Em algumas partes do genoma moderno, eles constataram que não há traços da espécie extinta, mas em outras, como as relacionadas ao fenótipo (características físicas), a herança foi maior do que a esperada.