História fotografada

O emblemático calendário Pirelli completa 50 anos com uma versão especial: a edição das fotos de 1986, clicadas por Helmut Newton, e que não chegou a ser publicada naquele ano

Rafael Campos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Carros possantes, mulheres bonitas e cenários paradisíacos. O calendário Pirelli vem unindo há 50 anos esse trio, capaz de conquistar homens dos mais diversos tipos, em cliques artísticos feitos pelos maiores nomes da fotografia mundial. Em 2014, a celebração do cinquentenário será em grande estilo. As 12 imagens que compõem o calendário eram guardadas pela marca e deveriam ter feito parte do que seria lançado em 1986. Naquele ano, o lendário fotógrafo Helmut Newton teve de deixar o set às pressas, após a morte da mulher, e o trabalho realizado só foi revelado agora.

A surpresa foi maior para a ex-modelo brasileira Betty Prado. Ela, que trabalhou em Nova York por 16 anos, foi uma das musas de Newton e convidada por ele para fazer parte do grupo que fotografou na Toscana em 1985. Mesmo já conhecida à época, ela sabia bem o poder que aquele produto tinha e como ele seria importante para a sua carreira. “Naquele ano, fiquei muito frustrada porque era o trabalho dos sonhos de todas as modelos. E, na minha memória, sabia que as fotos daquele calendário estavam entre as melhores de Newton.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1. Uma das mais emblemáticas fotos feita por Mario Testino de Gisele Bündchen
2. A top brasileira Adriana Lima pelas lente de Patrick Demarchelier, no Rio de Janeiro
3. A supermodelo dos anos 1980 Cindy Crawford
4. A polêmica e linda Kate Moss também já brilhou nas folhinhas do calendário

Um pouco de história
O calendário Pirelli é conhecido como The Cal™ e sua primeira edição era um produto exclusivo da subsidiária da marca de pneus no Reino Unido. Sua história vai completar 50 anos e pode ser dividida em três fases:

De 1964 a 1974: os primeiros 10 anos do calendário ficaram marcados pela ascensão dos Beatles e toda a referência constestadora de uma época associada à contracultura e ao rock’n’roll. As modelos eram novatas e o produto começou a trabalhar de forma a unir estética e cultura. Apesar da sua suspensão por 10 anos, a partir de 1974, ele ainda continuou no imaginário popular, em coletâneas que o celebravam.

De 1984 a 1994: a partir de 1984, as fotos começam a apresentar, de forma discreta, uma alusão à empresa. Em 1987, o primeiro calendário, apenas com modelos negras, tinha Naomi Campbell, com apenas 16 anos, como um dos destaques. Em 1990, Arthur Elgort fez 12 fotos em preto e branco, dedicadas às Olimpíadas.

De 1994 até os dias atuais: a partir de 1994, o calendário se torna, de fato, um produto de comunicação. A citação aos pneus deixa de existir e ele se torna apenas uma forma de expressão artística. Naquele ano, Cindy Crawford, Helena Christensen, Kate Moss e Karen Alexander representam “as mulheres dos anos 1990 e seu lugar no mundo: corajosas e sedutoras, belas por dentro”. Essa década é marcada por mulheres que, além de lindas, representam o início da época das supermodelos. Pelas lentes de Richard Avedon, Naomi Campbell volta ao calendário, junto a Christie Turlington. Peter Lindbergh clicou Carré Otis, Eva Herzigova e Nastassja Kinsky, em 1996, e Monica Belluci foi um dos destaques de 1997. No ano seguinte, homens famosos do cinema e da música dão uma cara diferente ao calendário, entre eles Bono Vox e John Malkovich. Os fotógrafos Herb Ritts e Annie Leibovitz também fazem parte do cast.

Para a chegada do século 21, Gisele Bündchen é a estrela, nas fotografias de Mario Testino. O Brasil foi homenageado em 2005 por Patrick Demarchelier, e uma ainda iniciante Adriana Lima representava as belezas do país nas praias de Ipanema e Copacabana. O país voltou a ser tema em 2013, quando Steve McCurry, um dos mais famosos fotojornalistas do mundo, contou a transformação social do país em fotos com personalidades como Sônia Braga e Marisa Monte.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Curiosidades
1 – O primeiro calendário Pirelli nasceu em 1964, pelas lentes do fotógrafo inglês Robert Freeman, que trabalhou com os Beatles. A primeira locação foi em Maiorca, na Espanha.
2 – Em 2014, são dois calendários: o primeiro, feito pelos fotógrafos Peter Lindbergh e Patrick Demarchelier, teve fotos tiradas em Nova York, nos Estados Unidos. Nele, as modelos brasileiras Isabelli Fontana e Alessandra Ambrósio estampam os meses do ano ao lado de beldades como Karolina Kurkova, Alek Vek e Miranda Kerr.
3 – Porém, a verdadeira cereja do bolo são as 12 imagens clicadas em 1985 pelo lendário fotógrafo Helmut Newton. À época, ele teve de abandonar o set ao descobrir que a esposa teve uma parada cardíaca. Seu trabalho ficou guardado pela Pirelli, que, naquele ano, escalou o americano Bert Stern para ser o responsável pela edição que viria a ser lançada em 1986.
4 – O calendário ficou 10 anos sem ser publicado: entre 1974 e 1984, a recessão mundial fez com que o trabalho de arte tivesse de parar.
5 – A comemoração ainda vem com uma coincidência: os dias das semanas em 1986 são os mesmos que em 2014.