No entanto, a cultura modifica essa forma de expressar o triunfo
Vilhena Soares
Como um atleta comemora uma vitória? Joga os braços para o alto? Grita? Pula? Ou faz tudo isso ao mesmo tempo? Cada pessoa pode demonstrar felicidade por uma conquista de forma diferente, embora muitas semelhanças possam ser encontradas. Esse vasto repertório de gestos foi estudado minuciosamente por pesquisadores da Universidade de São Francisco, nos Estados Unidos, que analisaram a expressão de atletas logo após ganharem competições. A conclusão dos cientistas é que essa demonstração de alegria é um traço evolutivo, universal, mas que pode sofrer alterações de acordo com a cultura em que o atleta vive.
Para decifrar as expressões de comemoração, os pesquisadores analisaram fotos de lutadores de judô de jogos olímpicos e paralímpicos feitas no momento em que sua glória era anunciada. Os autores do estudo chamaram essas reações de “expressões de triunfo”. “São muito rápidas, universais, produzidas por muitas pessoas diferentes, em muitas culturas, imediatamente depois de vencer um combate”, explica David Matsumoto, professor de psicologia da Universidade de São Francisco e um dos líderes do estudo, publicado esta semana na revista Motivational and Emotion Behaviour.
Os especialistas avaliaram movimentos como levantar os braços acima dos ombros, empurrar o peito para fora e inclinar a cabeça para trás sorrindo. Com a análise, eles notaram que atletas de diferentes culturas seguiam esse padrão, o que sugere uma origem biológica à expressão de triunfo. “Acreditamos que esses gestos são vestígios da nossa história evolutiva e refletem a tendência geral que todos os animais possuem de ampliar seus corpos e parecerem agressivos para a comunidade depois de vencer um embate. Acreditamos que essa expressão serve como um aviso de realização e estabelece hierarquias de status, o que é importante em qualquer comunidade”, destaca Matsumoto.