Essa semana foi divulgado pelo IBGE o IPCA de fevereiro, ficou em 0,83% impulsionado principalmente pelo custo de educação que subiu quase 5%, representando 30% do indicador geral do mês. O acumulado em 12 meses ficou em 4,5%, apesar da alta de fevereiro, o mercado projeta IPCA de 0,24% e 0,35% para março e abril respectivamente, com isso a inflação dos últimos 12 meses deverá situar em 4,01% e 3,74% em março e abril, buscando o centro da meta que é de 3,0% até dezembro de 2024.
O anúncio do crescimento do PIB de 2,9% no ano de 2023 surpreendeu todos os economistas, analistas e empresários, pois no final do ano de 2022 a previsão de crescimento do PIB era de 0,80% conforme Relatório Focus de 30 de dezembro de 2022. Na coluna da semana anterior foi dito que o crescimento econômico de 2023 deveu-se basicamente a dois fatores: o setor agronegócio e o consumo privado.
Na semana passada foi divulgado pelo IPEA o crescimento real da massa salarial dos trabalhadores brasileiros em 2023, foi de 11,7%, bem acima do crescimento do PIB de 2,9%. Esse é o maior crescimento anual de salários desde a implantação do Plano Real em 1994 onde debelou-se o processo inflacionário. Portanto, este aumento foi a causa principal do crescimento do consumo privado dito no parágrafo anterior.
Como o aumento salarial foi uma das causas do crescimento do PIB, ele foi também a consequência de outro indicador divulgado essa semana pelo Instituto Fome Zero. Saíram da extrema pobreza, ou seja, tecnicamente, da insegurança alimentar grave, que é a situação em que a pessoa passa 1 ou mais dias sem comer, 13 milhões de pessoas, de um total de 33 milhões em 2022 passou para um total de 20 milhões em 2023. Outro cenário da pesquisa é a que trata da insegurança alimentar moderada, situação que a pessoa não consegue realizar as três refeições por dia, nesse cenário houve uma redução de 20 milhões de pessoas, saindo de um total de 65 milhões em 2022 e passando para um total de 45 milhões em 2023.Muita coisa ainda.
Esse é o ciclo virtuoso da economia real. O combate a fome deve ser prioridade número zero do Brasil, bem como, do mundo. É impossível dormir em paz com uma situação de que 45 milhões de brasileiros ainda não faz 3 refeições ao dia, e mais impossível ainda dormir em paz sabendo que 20 milhões de pessoas passa um ou mais dias sem comer. Pensar assim não é ser de esquerda ou comunista, é ser humanitário, é ser solidário.
As projeções realizadas no relatório Focus divulgado no dia 08 de março trouxeram pequenas variações em relação à semana anterior. Para o PIB de 2024 houve crescimento da previsão de 1,77% para 1,78%, houve manutenção das previsões para os anos de 2025, 2026 e 2027 em 2%. Já para a inflação, a previsão de 2024 foi aumentada de 3,76% para 3,77%; 2025 manteve em 3,51% e 2026 e 2027 mantiveram-se as projeções de 3,50%.
As projeções da Taxa Selic mantiveram-se as mesmas, 2024 em 9% e 2025, 2026 e 2027 manutenção da projeção em 8,5%. Com as previsões da Selic e a redução da previsão da inflação para os próximos 12 meses para 3,51%, antes 3,60%, a taxa de juros reais da economia, calculada pela coluna aumentou para 5,72% ao ano. A taxa prevista para o final do ano, com Selic em torno de 9%, equivalerá taxa de juros reais de 5,30%, ainda acima da taxa de juros reais neutra divulgada pelo Banco Central que é de 4,5%. Portanto essa é a tendência das taxas de juros reais do Brasil, porém, para esta coluna é de que ela se estabilize em torno de 8% ao ano e não em 9% ao ano até o final do ano de 2024.
Quando se analisa a curva de juros do Brasil para os próximos anos, o mercado oscilou um pouco para baixo as suas previsões: janeiro de 2025 em 9,84%; janeiro de 2026 em 9,67%; janeiro de 2027 em 9,90% e janeiro de 2029 em 10,395%, os juros reais inclusos nessas taxas são de 6,09% ao ano. Já as taxas dos títulos dos Estados Unidosforam negociadas: para 2 anos é de 4,605% e para 10 anos é de 4,156% ao ano, apresentando redução em relação à semana anterior.
Ainda pelo relatório Focus as previsões do resultado primários foram, 2024 de -0,79% do PIB, 2025 de -0,60%,2026 de -0,50% e 2027 de -0,30%.
Abaixo, a tabela das projeções dos indicadores econômicos para 2024 com a atualização do Relatório Focus e a manutenção da coluna. O que se constata que o cenário positivo da economia brasileira está influenciando, a cada semana, a melhora das projeções do relatório Focus.