Repetir o óbvio, por vezes, é necessário para reavivar memórias e despertar consciências, então, vamos lá! Como bem disse a mestre, doutora Ilka Zanotto, que atuou em defesa da liberdade de imprensa de profissionais e veículos de comunicação na época do regime militar e que atualmente, questiona o papel da verdadeira imprensa: “É incomensurável a responsabilidade da mídia ao veicular os bastidores das tragédias; é inadmissível dar crédito às declarações de indivíduos ávidos de fama e aos boatos mais estapafúrdios, transformando versões em fatos, sem antes ouvir todos os envolvidos, e, no caso, vilipendiados. Arma-se um circo em torno dos bodes expiatórios que remete de imediato à Fogueira das Vaidades, de Tom Wolfe, no qual o protagonista inocente é condenado a partir de um conluio macabro entre interesses opostos, tendo como argamassa a busca de promoção (no sentido lato e estrito) e tendo a mídia como peça chave da orquestração”.
Compartilhando do mesmo pensamento, deixo aos leitores deste espaço, uma importante reflexão sobre o chamado pré-julgamento, promovido cotidianamente com especial ajuda de alguns profissionais de comunicação que, lamentavelmente, fogem do papel que lhes cabe, visando unicamente promover a discórdia, a incitação ao ódio e o julgamento precipitado. E não são poucos os fatores que contribuem para esse pré-julgamento. O primeiro deles é a própria indústria da notícia. Vários profissionais e veículos de comunicação estão constantemente na briga pelos ditos ‘furos’ de reportagem e a pressa de estar à frente na concorrência faz com que a apuração de uma reportagem, seja deixada de lado.
Resta então, o sensacionalismo midiático e politiqueiro, onde por muitas vezes, se coloca o ‘interesse político’ acima da dignidade humana, acima do respeito e da verdade. Em Caldas Novas, por exemplo, há um clima de caça às bruxas, de terrorismo, no qual muitos buscam mais o estardalhaço, as luzes, as câmeras e aplausos antecipados, do que os fatos, as garantias e os direitos individuais, que há muito foram incorporados ao patrimônio dos cidadãos e que fazem parte das sociedades civilizadas e democráticas.
Não há, por exemplo, CONDENADOS na batizada Operação Negociata, promovida pelo Ministério Publico, contra o prefeito e alguns agentes públicos. Não houve sequer, intimação para apresentação de contrarrazões ou defesa prévia, e os acusados sequer foram ouvidos em todos estes anos em que a investigação segue em segredo de Justiça.
Reconheço que o Ministério Público tem suas razões, não nos cabe discutir ou desmerecer a ação. Mas cabe questionar os atos tendenciosos e promovidos com escopo estritamente politiqueiro de alguns profissionais de comunicação e políticos de nossa cidade neste caso. Alguns não têm buscado solução, mas tão somente os holofotes, com apreço ao ódio, à vingança e à destruição.
Tenho absoluta convicção que suprimir a liberdade de imprensa é temeroso, mas se alguém publica o que é inapropriado, maligno ou ilegal, deve sofrer as conseqüências de sua própria temeridade. Como profissional de comunicação aprendi à ‘duras penas’ que a opinião pessoal jamais deve sobrepujar à profissional. São ações distintas, pensamentos muitas vezes incompatíveis! Jornalismo é fato, é apuração, é verdade e razão, é difundir notícias, idéias, acontecimentos e informações com veracidade, exatidão, clareza, jamais o contrário!
Reconheço também, que a comunicação não é e nunca será uma ciência exata, e jornalistas, repórteres, comunicadores, não são robôs. A neutralidade é uma mentira, mas a isenção é meta perseguida todos os dias. A imprensa honesta e desengajada tem compromisso com a verdade. E é isso que conta!
Todos os manuais de redação consagram a necessidade de ouvir os dois lados. Trata-se de um esforço de isenção mínimo e incontornável. A imponderação e a falta apuração são vírus que ameaçam a qualidade da informação. Boa parte do noticiário de política, por exemplo, não tem informação. Está dominado pela fofoca e pelo declaratório, pelo disse me disse. E a boa reportagem vem sendo substituída por dossiês, pela especulação e pela manipulação interessada.
A autocrítica, justa e necessária, deve ser sempre acompanhada por um firme propósito de transparência e de retificação dos nossos equívocos. Uma imprensa ética deve saber reconhecer seus erros. As palavras podem informar corretamente, denunciar situações injustas, cobrar soluções. Mas podem também esquartejar reputações, desinformar, e promover o achincalhe público. E sim, esse é um recado aos colegas de profissão, pois confessar um erro de português é fácil, mas admitir a prática do prejulgamento, dos preconceitos ou da leviandade noticiosa exige audácia, ética.
Ainda acredito que a CREDIBILIDADE oxigena a democracia!
Sendo assim, finalizo minha opinião, com uma frase do jornalista Luiz Nassif: “A partir do momento em que não há discernimento, para separar o certo do errado, a notícia correta da fantasia, toda a cobertura perde credibilidade. Se tal informação é falsa como posso acreditar na outra – que pode ser correta? O que separa o jornalismo de outras formas de disseminação de informação – salão de cabeleireira, por exemplo – é a capacidade de separar a informação correta da mera fofoca”.
Teresa Cristina [Teka] Jornalista | Produtora Executiva