O Globo
LONDRES – Há 80 anos, uma dupla de pesquisadores apresentou uma teoria que descreve como criar matéria a partir de luz pura. Embora tenha causado grande comoção entre os cientistas, os físicos Gregory Breit e John Wheeler não tinham a expectativa de que a teoria fosse provada tão cedo. Eles descartaram a ideia de que tal fenômeno pudesse ser observado em laboratório por causa das dificuldades da criação do experimento necessário. Agora, uma nova equipe está propondo uma técnica que poderá tornar o sonho real, e de forma ainda mais pura. A ideia do grupo é demonstrar os resultados dentro de no máximo 12 meses.
Sob o comando do cientista Oliver Pike, do Imperial College, de Londres, o time propõe usar lasers de alta energia disparados contra um invólucro especial de ouro para converter fótons em pares de partículas de matéria e antimatéria. Na prática, o experimento deverá recriar o que se acredita acontecer em grandes explosões estelares conhecidas como supernovas. O trabalho tem a vantagem de criar um experimento que inclui apenas tecnologias que já existem.
Os equipamentos em questão são os chamados colisores fóton-fóton. O processo básico segue três etapas distintas. Primeiro, um feixe de elétrons é disparado contra uma lâmina de ouro, a fim de produzir um raio fotônico de alta energia. A seguir, outro laser seria disparado contra um cilindro de ouro chamado hohlraum. Isso cria um campo de radiação térmica, gerando uma luz tão intensa quanto a das estrelas. Por fim o feixe de fótons é direcionado ao hohlraum, onde os fótons das duas fontes colidiriam.
Segundo os cálculos apresentados, o experimento força uma quantidade de partículas com energias tão altas que seriam capazes de criar 100 mil pares de elétrons-pósitrons.