Com medo de impeachment Dilma pede mobilização contra ‘golpismo’

A presidente Dilma Rousseff pediu nesta sexta-feira uma mobilização contra o que chamou de “golpismo” dos que perderam a eleição presidencial. Em Belo Horizonte, ela participou do evento que marcou o aniversário de 35 anos do PT e, ao discursar, deixou transparecer o receio de que o escândalo da Petrobras ponha fim a seu governo. Já o ex-presidente Lula, também presente na cerimônia, criticou a desmobilização da sigla e disse que o PT está virando um partido “igual aos outros”.

O ato desta sexta foi ofuscado pela sequência de abalos sofrida pelo partido e pelo governo na última semana: a desastrada troca no comando da Petrobras, a revelação de que o partido recebeu até 200 milhões de dólares em propina e a detenção do tesoureiro João Vaccari Neto para prestar depoimento à Polícia Federal.

O pronunciamento da presidente Dilma  Rousseff, o último do evento, teve um sujeito oculto: o temor de que a sequência de denúncias gere um processo de impeachment. “Os que estão inconformados com o resultado das urnas só têm medo de uma coisa: da mobilização da sociedade em defesa das instituições e em repúdio a qualquer tentativa de golpe contra a manifesta vontade popular”, afirmou ela.

A presidente conclamou a militância do partido a enfrentar aqueles que ela chama de golpistas: “Nós temos força para resistir ao oportunismo e ao golpismo, inclusive quando ele se manifesta de forma dissimulada”. A petista ainda atacou os que “tentam forjar catástrofes e flertam com a aventura”.

Os ataques foram o ponto de encerramento de um discurso morno, repleto de trechos já repetidos. A presidente continuou a tratar o caso da corrupção na Petrobras como outro qualquer: até reconheceu que a Justiça precisa investigar, mas colocou toda a ênfase de seu discurso na defesa da estatal contra supostos interesses nebulosos: “Os pescadores em águas turvas não vão acabar nem com o modelo de partilha nem com a política de conteúdo local”, afirmou.

Quando, por exemplo, a presidente disse que “nós não podemos aceitar que alguns tentem colocar a Petrobras como sendo uma vergonha para o Brasil”, ela não se referia aos corruptos que infestaram a companhia durante o governo do PT, mas a quem responsabiliza o governo pelos crimes praticados.

Durante seu pronunciamento, Dilma também defendeu o ajuste fiscal e, ao tentar passar uma mensagem de otimismo, acabou por cometer um ato falho: “Nós temos uma das menores taxas de crescimento…. de desemprego da nossa história”. A presidente afirmou que vai estender as concessões na área de infraestrutura: “Estão falando que o governo não vai investir. Pelo contrário. Vai ampliar as concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos”.

Lula – Durante o evento desta sexta, coube ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a função de bedel do partido. Ciente de que os casos de corrupção ameaçam a sigla, ele pregou: “Muitos estão mais preocupados em se manter nessas estruturas de poder do que em fazer a militância partidária que estava na origem do poder. Essa é a origem de vícios como a militância paga (…). É nesse ambiente que alguns individualmente cometem desvios que nos envergonham perante a sociedade”, disse ele, que continuou :”Esse processo está chegando ao limite nesse partido e nós precisamos dar um fim nessa situação”.

Apesar de o PT tratar como heróis os mensaleiros condenados pela Justiça, Lula disse que o partido não aceita desvios éticos. “Estejam certos: se algo de concreto vier a ser encontrado, se alguém tiver traído a nossa confiança, que seja julgado e punido dentro da lei porque o PT, ao contrário dos nossos adversários, não compactua nem compactuará com a impunidade de quem quer que seja”.

O ex-presidente também defendeu as medidas “duras” tomadas por Dilma Rousseff no início do segundo mandato. Ele lembrou o próprio tratamento contra o câncer, que exigiu sessões de quimioterapia e radioterapia, e disse que a presidente está fazendo algo semelhante.

Lula deu um conselho com sentido ambíguo a Dilma: “Faça o que tiver que fazer, porque um erro desastroso nosso quem vai sofrer não somos nos, é o povo humilde desse país. E você tem a obrigação de não de governar para o Lula e para o Rui Falcão, é governar cuidando do povo brasileiro que precisa muito de vocês”.

Além de parlamentares, governadores e ministros, o ato desta sexta-feira em Belo Horizonte teve a presença de José Mujica, o presidente do Uruguai.

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