Grasielle Castro – Correio Braziliense
Paulo de Tarso Lyra – Correio Braziliense
Na mira das operações da Polícia Federal, políticos citados em casos de corrupção começam a fazer as contas do prejuízo eleitoral, antes mesmo do início da corrida às urnas. Nos últimos meses, pelo menos cinco viram seus nomes estampados nas manchetes em situações suspeitas com doleiros e empresários investigados em esquemas de lavagem de dinheiro. O envolvimento com essas figuras, além de colocar em risco o atual mandato, ameaça criar ainda mais embaraço devido ao ano ser de disputa eleitoral.
A Operação Lava-Jato, por exemplo, colocou uma interrogação no futuro político dos deputados Luiz Argôlo (SDD-BA) e Cândido Vaccarezza (PT-SP), e do senador Fernando Collor (PTB-AL). Situação pior, no entanto, é a do deputado federal André Vargas. O parlamentar, ex-PT e hoje sem partido, deu adeus à tentativa de reeleição, depois de ser flagrado em grampos com o doleiro Alberto Youssef. Já na Operação Ararath, o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), deve sentir o peso dos relatórios na hora de fazer o sucessor.
No caso de Vargas, as denúncias de que teria ajudado Youssef, preso na Lava-Jato, a conseguir fechar contrato milionário com o Ministério da Saúde complicaram a vida do deputado. Pior, o parlamentar ainda foi flagrado de carona em um jatinho do doleiro. Ao se enrolar nas explicações, renunciou ao cargo de vice-presidente da Câmara dos Deputados e saiu do PT. Sem partido, enterrou todas as chances que teria de concorrer a um novo mandato na disputa deste ano. A denúncia ainda prejudicou a campanha do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha. O pré-candidato ao governo de São Paulo participou das negociações do contrato em questão e teve de se explicar, dando munição aos adversários antes mesmo da largada eleitoral.
Para não ser bombardeado, como o ex-petista foi, Argôlo, agora, estuda se disputará um novo mandato. Ele é acusado de manter relações pessoais com o doleiro e suspeito de o ter ajudado a tramar contra a participação de empresas em licitações. Para o presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva (SDD-SP), uma candidatura como essa pode ser facilmente minada. “É difícil fazer campanha com denúncias de corrupção. Mesmo que não tenha prova, as pessoas vão mencionar o caso, e o impacto é muito grande”, avaliou.