A pesquisa propõe que a influência da umidade e do fogo são determinantes na aparência e no funcionamento dessas vegetações
Isabela de Oliveira
A cor da grama oscila durante o ano, mas o amarelo pálido é a mais comum, enfeitada por árvores baixas e de troncos retorcidos. A paisagem do cerrado, tão conhecida dos brasileiros, também é íntima de australianos e africanos, integrando o quadro das savanas mundiais. Embora todas pareçam iguais, possuem características estruturais distintas, o que instiga pesquisadores a compreenderem o que provoca essas diferenças em biomas tão semelhantes. Um estudo publicado na edição de hoje da revista Science, realizado com a ajuda de brasileiros, propõe que a influência da umidade e do fogo são determinantes na aparência e no funcionamento dessas vegetações. Mas, talvez, não para as que ocorrem na América do Sul.
A cobertura arbórea das savanas varia muito no espaço e no tempo, e as semelhanças na estrutura dessas áreas na África, na Oceania e na América do Sul levam à suposição equivocada de que os processos que regulam o bioma são equivalentes. “Modelos de vegetação atuais tratam as savanas como uma entidade homogênea. Estudos recentes, no entanto, têm destacado as diferenças das vegetações de acordo com os continentes, e permanece desconhecido como os determinantes ambientais interagem para determinar a dinâmica da vegetação e os limites do bioma”, diz Caroline Lehmann, líder da pesquisa realizada na Macquarie University, na Austrália.