COLUNA do Freitas –Economia Brasileira 2024

Atravessamos o 1º. semestre de 2024 e iniciamos o 2º. semestre que será denominado pelas eleições municipais tirando o foco um pouco do governo federal e do Banco Central. A economia será um tema bastante discutido nas eleições, portanto, o acompanhamento será de extrema importância.

A coluna continuará focando a economia brasileira e o mercado financeiro com viés sempre da economia real:crescimento do PIB, redução do desemprego, redução da inflação, controle fiscal e redução dos juros.

A economia para o 2º. semestre projeta crescimento significativo quando analisado os fundamentos macroeconômicos do país. Nessas duas últimas semanas vários indicadores foram divulgados que colabora com a projeção dessa coluna.

Na semana passada foram divulgados indicadores do setor de varejo do Brasil (IBGE). Em maio as vendas varejistas tiveram avanço de 1,2% quando comparado ao mês anterior, contra expectativa de queda de 0,9%. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, a alta foi de 8,1%, a alta acumulada no ano de 2024 foi de 5,6%. Essa alta impactará no resultado do PIB, favoravelmente, do 2º. trimestre de 2024.

Ainda na semana passada o FMI elevou a projeção do PIB para 2,5% para 2024, anteriormente 2%.  A instituição cita fatores como a inflação em queda, contas fiscais equilibradas e um sistema financeiro robusto. Uma vez mais a análise do exterior é bem mais otimista do que a análise interna no Brasil.

Diante das informações divulgadas na semana passada o economista Claúdio Considera da FGV Ibre, diz que as informações do varejo mostram que a economia continua crescendo e já é possível pensar em alta acima dos 2,5% para o PIB do Brasil para este ano. Diz ainda que o indicador de atividade econômica (IAE-FGB Ibre) já apura um avanço de 3,2% a 3,4% em 12 meses e no acumulado no ano de 4%, mesmo reduzindo o ritmo nesse segundo semestre a economia possa crescer acima de 2,5%. Por fim, o economista considera que é fantástico uma economia crescer no patamar de juros que se tem no Brasil. Ele está certo de que não há crescimento de investimentos, mas a economia continua caminhando pela força do consumo, com o mercado de trabalho aquecido, aumento de renda e as transferências.

O IPEA divulgou a Carta Conjuntura número 64 estimando o resultado primário do governo central de junho e o acumulado. O déficit primário de junho foi de R$ 38,1 bi contra um déficit de R$ 47 bi de junho de 2023. No acumulado até junho o déficit primário foi de R$ 67,3 bi contra déficit de 43,8 bi do mesmo período de 2023. Dois pontos merecem atenção no déficit primário acumulado em 2024: i) aumento significativo no pagamento de precatórios da ordem de R$ 12,9 bi, de R$ 18,8 para R$ 31,7 bi e ii) aumento das despesas discricionárias referente aos pagamentos de emendas parlamentares da ordem de R$ 20,2 bi. Somente esses dois itens representaram total de R$ 33,1 bi representando 49% do déficit de 2024. O déficit primário apresentado até junho, conforme estimativa do IPEA é da ordem de 0,60% do PIB mesmo incluindo o acréscimo desses 2 itens, excluindo o aumento desses itens o déficit primário representaria 0,5% do PIB de 2024. Ainda acima do compromisso do governo que é déficit zero com variação até 0,25% do PIB.

Confirmando a observação dessa coluna há algumas semanas, o movimento especulativo contra a moeda e contra as taxas de juros foi temporário, conforme previsto. O dólar reduziu a patamares pré ataque especulativo, as taxas de juros futura também reduziu e a bolsa de valores está próxima dos 130 mil pontos, portanto, é importante o entendimento de que momentos de especulação política não dura por muito tempo quando se tem fundamentos econômicos sólidos.

Mais uma notícia importante interna foi divulgada essa semana, a indústria de alimentos projeta investir R$ 120 bi até 2026, com os R$ 130 bi anunciados pela indústria automobilística e mais os R$ 300 bilhões anunciado no programa Nova Indústria Brasileira, totalizam R$ 550 bilhões de investimentos no período, algo em torno de 5% do PIB.

Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, o CEO do banco XP, José Berenguer, disse que houve um erro de leitura do mercado financeiro sobre a intenção do governo, ocasionando o movimento especulativo contra a moeda real. Segundo ele, existe um comprometimento total do governo em relação ao atingimento da meta fiscal. 

E as boas notícias não são só do Brasil, colabora com o bom humor da economia brasileira o alívio americano que veio no final da semana passada. O índice inflacionário caiu para 3% ao ano, aproximando da meta de 2%, com isso intensificou-se o debate sobre a possibilidade de o FED começar a cortar a sua taxa básica de juros a partir de setembro. Outro fator externo para favorecer a economia brasileira, mais precisamente as exportações, é a informação que a economia da China cresceu 5% no 1º. semestre devendo atingir a meta do ano de crescimento anual de 5%.

As projeções realizadas no relatório Focus divulgado no dia 12 de julho trouxeram variações em relação à semana anterior, o bom senso e menos especulação voltaram ao mercado financeiro. Para o PIB de 2024, aumentou de 2,10% para 2,11%, para 2025 manteve em 1,97%, houve manutenção das previsões para os anos de 2026 e 2027 em2%. Já para a inflação, a previsão de 2024 reduziu de 4,02% para 4,00%; 2025 aumentou de 3,88% para 3,90%, 2026 manteve em 3,60% e 2027 manteve-se a projeção de 3,50%.  

As projeções da Taxa Selic, 2024 manteve em 10,50%, 2025 manteve em 9,50%, 2026 e 2027 mantiveram-se 9,00%. Com as previsões da Selic e o aumento da previsão da inflação para os próximos 12 meses de 3,59% para 3,68%, a taxa de juros reais da economia, calculada pela coluna reduziu para 6,34% ao ano. A taxa prevista para o final do ano, com Selic em torno de 10,50%, equivalerá taxa de juros reais de 6,58%, ainda acima da taxa de juros reais neutra divulgada pelo Banco Central que é de 4,5%. Parece que o mercado financeiro leu a coluna das semanas anteriores e ajustou as suas projeções sem as contradições apontadas aqui.

Quando se analisa a curva de juros do Brasil para os próximos anos, o mercado reduziu as suas previsões: janeiro de 2025 em 10,59%; janeiro de 2026 em 11,165%; janeiro de 2027 em 11,44%; janeiro de 2028 em 11,66%; janeiro de 2029 em 11,805% e janeiro de 2034 em 11,9%(Cotações – Juros Futuros – Ferramentas | InfoMoney), os juros reais inclusos nessas taxas são de 8,23% ao ano. Já as taxas dos títulos dos Estados Unidos negociadas para 2 anos são de 4,448% e para 10 anos são de 4,161% ao ano, apresentando redução em relação à semana anterior.

Ainda pelo relatório Focus as previsões do resultado primários foram, 2024 de -0,70% do PIB, 2025 de -0,66%,2026 de -0,60% e 2027 de -0,50%.

Abaixo, a tabela das projeções dos indicadores econômicos para 2024 com a atualização do Relatório Focus e a manutenção das previsões da coluna. 

Abaixo quadro de projeção do IPCA até o final de 2024 para eventuais cálculos de projeções.

Marcos Freitas Pereira

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