Desde a eleição para a Mesa Diretora na Câmara Municipal, para a qual não se viabilizou politicamente, o vereador Rafael Moraes [PTB], ex-líder do prefeito Evandro Magal [PP], protagoniza uma relação de ódio com o atual governante. Seja no subterrâneo das redes sociais, nos corredores do legislativo ou em público, o vereador não desperdiça oportunidades para disseminar o discurso da aversão e contrariedade. Certamente, se tivesse logrado êxito em sua pretensão de ser presidente, a situação seria outra.
Na seara política, vale reconhecer que os conflitos de interesses, as diferenças de posição e de opinião política são naturais em qualquer sociedade. É, contudo, somente no terreno da democracia, da discussão racional e do confronto político organizado – que pode, às vezes, ser duro e áspero, jamais desesperado – que se consegue encontrar denominadores comuns para a abordagem dos conflitos existentes.
Infelizmente o temos visto atualmente em Caldas Novas, segue ferozmente na contramão da convivência democrática, da tolerância e do respeito às diferenças de opinião. É visível que o jovem vereador Rafael Moraes, eleito inclusive pela base do prefeito, com apoio de familiares e servidores públicos, não consegue esconder a raiva arraigada que passou a nutrir pelo alcaide municipal depois da derrota na Câmara.
O parlamentar, não consegue sequer, formular uma resposta à altura, quando questionado sobre o que teria motivado tão brusca mudança de postura em relação ao prefeito. Valendo se, cotidianamente de um dicionário ideológico, o vereador faz do prefeito, sinônimo de atraso e corrupção – e que deve ser, portanto, agredido e eliminado – usando como pretexto o velho jargão de ‘cegueira total’, enquanto aliado.
Talvez pelo fato de ser advogado, mestre em oratória e dedicado aos estudos bíblicos, era esperado que Moraes na oposição, fosse mais fundamentado, visto como mártir, um novo salvador. Não aconteceu! Na primeira conveniência, abandonou o barco do prefeito e se aliou a poderosa e imperial, deputada federal, Magda Mofatto [PR].
Restou então pergunta: o que teria provocado tamanha fúria no vereador? Sem respostas, o que pode ser visto é, lamentavelmente, o desprezo pelo debate democrático. A indisposição ao diálogo, a truculência e a intolerância, contrasta negativamente com a necessidade da relação harmônica e respeitosa exigida entre os poderes. E o caldeirão das ‘águas calientes’ ferve! Enquanto isso, os gritos, calúnias, difamações, falsas acusações e xingatórios impublicáveis, imperam através da imunidade conferida pela Constituição Federal.
O que me impressiona, é que, mesmo com tantos arroubos, a oposição, entretanto, segue colecionando dificuldades. Os discursos inflamados mostram, ou querem mostrar, que não se darão facilmente por vencidos, e pior, indicam que continuarão promovendo terrorismo político, moral e midiático, utilizando inclusive, de artifícios de traição, vilania e difusão de ódio, se preciso, na luta derradeira de mostrar a qualquer custo, que Magal não serve para prefeito. E sabe por que? Porque a perspectiva é desalentadora para a oposição, que vive o dilema de tentar sobreviver a qualquer custo, enfrentando uma tendência de derrota e definhamento da representação política.
Respeito a decisão de ‘mudança’ do vereador Rafael Moraes, aliás, já discorremos sobre isso! Desde que não desmoralize escolhas alheias, tampouco, menospreze opiniões divergentes. A população, exausta de embates desnecessários quer, na verdade, esforços concentrados na solução dos problemas. E são muitos! Cobrar é preciso, criticar com coerência também, mas perder tempo e energia com algo inútil, é inaceitável.
Fazer política de forma ética significa mobilizar recursos e articular boas relações, mesmo na oposição. Política é sim, muito diferente de politicagem, que é algo intimamente pessoal, interesseiro e oportunista. A política constrói pontes e estratégias. Fazer política não é vencer a qualquer custo ou se vangloriar pela derrota alheia. É manter relacionamentos e conseguir resultados que beneficiem a coletividade, ao mesmo tempo.
Esse cenário me fez lembrar da música “Metade” de Oswaldo Montenegro. Em minha versão, seria assim: ‘Que as palavras que ‘escrevo’ não sejam ouvidas como prece, nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a ‘alguém’ inundado de sentimentos, pois metade de mim é o que leio, a outra metade é o que ‘não escrevo’. Enfim, só me resta acreditar, que o ‘mi.mi.mi’ realmente sofre de bipolaridade política.
Teresa Cristina [Teka] – Jornalista | Produtora Executiva
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